quinta-feira, 24 de maio de 2012

Mãe funda ONG para ajudar na educação de filhos especiais

Ouvi coisas absurdas das mães de crianças normais', diz pedagoga. Objetivo era cuidar dos filhos, mas projeto ajuda também 60 crianças


Mariaurea MachadoDo G1 Triângulo Mineiro

No ano de 2000 a pedagoga Liliane Martins deu à luz ao casal de gêmeos Júlia Martins e Artur Martins. Desde então, rotina dela começou mudar e quando os bebês tinham um ano e meio de vida foram diagnosticados com paralisia cerebral. A pedagoga que mantinha uma escola infantil particular fechou as portas para fundar uma Organização Não Governamental (ONG), a Associação Brasileira Reabilitação e Alfabetização de Crianças Especiais (Abrace). A ONG funciona em Uberaba, no Triângulo Mineiro, há dez anos e atende 60 crianças. Em entrevista ao G1 ela contou como foi o caminho que escolheu para ajudar na melhoria da qualidade de vida dos filhos.

Liliane Martins fechou a escola particular para fundar uma ONG especializada na educação de crinaças especiais (Foto: Mariaurea Machado)
Liliane Martins fechou uma escola particular para fundar uma ONG especializada na educação de crianças especiais (Foto: Mariaurea Machado)
“Quando fiquei sabendo do diagnóstico dos meus filhos quis fazer de tudo para cuidar deles e os manter perto de mim. Como sou pedagoga logo me preocupei com a alfabetização. Já havia recebido pedidos de mães que queriam matricular os filhos especiais na minha escola particular, mas temia não conseguir atender às necessidades deles. No entanto, quando vivi essa realidade me propus a enfrentar o medo para ter meus filhos por perto sem deixar minha carreira de lado. Dessa forma decidi fundar a ONG”, explicou Liliane.

A pedagoga disse que o início da fundação da Abrace não foi fácil e o preconceito foi muito grande. Quando matriculou os filhos dela na escola os pais de aproximadamente 40 crianças as retiraram do colégio. “Cheguei ouvir coisas absurdas das mães de crianças normais. Muitas falaram que se fossem pagar um colégio preferiam pagar escolas onde as crianças não tinham necessidades especiais. Entretanto, não liguei para isso porque sabia que se tratavam de pessoas fúteis”, relatou.

Apesar de não ter o mesmo retorno financeiro de quando tinha escola particular, a pedagoga afirmou que além de mãe também é uma profissional realizada. “Manter a escola particular sem dúvidas era mais cômodo, mas poder contribur com uma educação de qualidade para meus  filhos é inigualável. Sem falar na felicidade que tenho quando vejo a evolução dos meninos, meu filho já acompanha outros alunos de escola normal e no que vem a minha filha é quem vai dar mais esse passo”, destacou Liliane.




Família não fez da paralizia uma tragédia (Foto: Mariaurea Machado)
Família não fez da paralisia uma tragédia(Foto: Mariaurea Machado)

Com tantas realizações a pedagoga ainda alimenta muitos sonhos e um deles é ver a ONG caminhar por conta própria, oferecendo aulas nos dois turnos. "O prédio da escola é particular e sei que não vou viver para sempre. Portanto, meu desejo seria um prédio próprio que abrigasse mais salas, para que dessa forma mais alunos possam ser atendidos", observou.

Enquanto isso não acontece, ela trabalha na profissionalização da equipe de professores. “Desde que comecei a Abrace me preocupei em fazer especializações para melhor atender as crianças. Então fiz um curso de neuropsicologia e quinzenalmente me reúno com as professoras para estudarmos livros e artigos que nos ajudam a atender as necessidades dos alunos”, finalizou.

Disponível em: http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2012/05/mae-funda-ong-para-ajudar-na-educacao-de-filhos-especiais.html

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