Ouvi coisas absurdas das mães de crianças normais', diz pedagoga. Objetivo era cuidar dos filhos, mas projeto ajuda também 60 crianças
Mariaurea MachadoDo G1 Triângulo Mineiro
Liliane Martins fechou uma escola particular para fundar uma ONG especializada na educação de crianças especiais (Foto: Mariaurea Machado)
No ano de 2000 a pedagoga
Liliane Martins deu à luz ao casal de gêmeos Júlia Martins e Artur Martins.
Desde então, rotina dela começou mudar e quando os bebês tinham um ano e meio
de vida foram diagnosticados com paralisia cerebral. A pedagoga que mantinha
uma escola infantil particular fechou as portas para fundar uma Organização Não
Governamental (ONG), a Associação Brasileira Reabilitação e Alfabetização de
Crianças Especiais (Abrace). A ONG funciona em Uberaba,
no Triângulo Mineiro, há dez anos e atende 60 crianças. Em entrevista ao G1 ela
contou como foi o caminho que escolheu para ajudar na melhoria da qualidade de
vida dos filhos.
Liliane Martins fechou uma escola particular para fundar uma ONG especializada na educação de crianças especiais (Foto: Mariaurea Machado)
“Quando
fiquei sabendo do diagnóstico dos meus filhos quis fazer de tudo para cuidar
deles e os manter perto de mim. Como sou pedagoga logo me preocupei com a
alfabetização. Já havia recebido pedidos de mães que queriam matricular os
filhos especiais na minha escola particular, mas temia não conseguir atender às
necessidades deles. No entanto, quando vivi essa realidade me propus a
enfrentar o medo para ter meus filhos por perto sem deixar minha carreira de
lado. Dessa forma decidi fundar a ONG”, explicou Liliane.
A pedagoga disse que o início da fundação da Abrace não foi fácil e o
preconceito foi muito grande. Quando matriculou os filhos dela na escola os
pais de aproximadamente 40 crianças as retiraram do colégio. “Cheguei ouvir
coisas absurdas das mães de crianças normais. Muitas falaram que se fossem
pagar um colégio preferiam pagar escolas onde as crianças não tinham
necessidades especiais. Entretanto, não liguei para isso porque sabia que se
tratavam de pessoas fúteis”, relatou.
Apesar de não ter o mesmo retorno financeiro de quando tinha escola particular,
a pedagoga afirmou que além de mãe também é uma profissional realizada. “Manter
a escola particular sem dúvidas era mais cômodo, mas poder contribur com uma
educação de qualidade para meus filhos é inigualável. Sem falar na
felicidade que tenho quando vejo a evolução dos meninos, meu filho já acompanha
outros alunos de escola normal e no que vem a minha filha é quem vai dar mais
esse passo”, destacou Liliane.
Família não fez da paralisia uma tragédia(Foto: Mariaurea Machado)
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